A equipa de Enfermagem de Saúde Mental Positiva da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) iniciou, em 2018, um programa de promoção de saúde mental positiva dirigido aos seus colaboradores. É uma jornada que promove o autoconhecimento e a automotivação para resultar como um catalisador para o aumento da felicidade organizacional.
música é a nossa primeira âncora para se lembrarem de nós." Ao som de "Happy", de Pharrell Williams, Sérgio Cunha, enfermeiro especialista em saúde mental, posiciona-se em frente à televisão. Perante si tem seis funcionárias da Unidade Local de Saúde de Matosinhos que o escutam com atenção e absorvem o desafio. "Escolher uma destas mensagens [da música]... lembrar o por quê de ser feliz...". Esta é a segunda sessão deste grupo que aderiu ao programa de promoção de saúde mental positiva "Mais por Ti". "Vamos falar de emoções, e uma das emoções que muita gente se preocupa agora é a ansiedade. Uma das ferramentas mais importantes para a gerir é aprender a resolver problemas. É isso que vos vou desafiar agora."
Marlene Freitas, enfermeira numa Unidade de Saúde Familiar, inscreveu-se depois de ser aconselhada por uma colega. "Ela disse-me para fazer o curso porque vale mesmo a pena, porque nos põe a pensar em coisas que, por norma, com a pressa do dia a dia, não pensamos. Vim e estou a gostar muito."
No gabinete de Gestão de Risco do hospital, a engenheira química Sandra Alves também ouviu muitas opiniões positivas e veio em busca de um antídoto para o stress acumulado. "No meu caso, eu espero adquirir ferramentas que me ajudem a ter comportamentos e atitudes mais adequadas nos meu posto de trabalho, e também que não me influenciem negativamente."
Mariana Lima orienta a sessão com Sérgio Cunha. São dois dos quatro enfermeiros especialistas que coordenam o programa "Mais por ti", que começou em 2018, e dá pistas sobre o que faz. "Perceber o que é que se sente e agir de acordo com aquilo que é preciso no momento." Dos que por aqui passaram, há marcas evidentes, "incluíram na rotina coisas que lhes faziam falta, que gostavam mas não não faziam só porque não".
Eugénia Oliveira, enfermeira, que o diga. Os sete meses que trabalhou nos cuidados intensivos foram o gatilho. "Tínhamos todos uma capa de valentia, de dureza, de ter que ser... mas estávamos vulneráveis".
Melhorar a vida pessoal e profissional era o objetivo. Eugénia diz que conseguiu e passou a empenhar-se em cuidados que não tinha, como uma massagem ou fazer Reiki.
Assunção Monteiro também passou por aqui, em 2021. A pandemia e a morte da mãe deixaram marcas, por isso esta enfermeira veio descobrir como dar a volta. "Há um maior autocontrolo, mesmo das emoções, na maneira de pensar em mim própria, em como tratar os outros..."
O primeiro exercício da sessão consiste em atar duas a duas, com um fio de lã cruzado a uni-las, as 6 participantes. O desafio é soltarem-se sem rebentar os fios de lã, sem puxar pelos punhos. Sérgio Cunha dá uma dica, "como em muitas coisas na vida, começa-se por pequenas coisas. Gestos finos. Mais mente, menos físico". Os três minutos destinados a este desafio terminaram... e é no fio que está a resolução. Os corpos contorcidos de um lado para o outro de nada serviram.
Comentários