Combater ideias erradas associadas à demência, promovendo a inclusão das pessoas com demência, é o objetivo da campanha que a Alzheimer Portugal apresenta esta terça-feira, dia 12 de setembro, com o mote “Cada nota traz uma história”
‘Cada nota traz uma história’ é a música que João Só compôs para assinalar o Dia Mundial da Pessoa com Doença com Alzheimer, uma melodia que pretende chamar a atenção para a necessidade de promover a inclusão de quem vive com demência.
“Muitas vezes pensamos numa pessoa com demência, com doença de alzheimer ou outra forma de demência, como alguém completamente alheado da realidade, acamado, sem conseguir comunicar. Mas a demência é um processo, não começa assim”, lembrou a presidente da direção nacional da Alzheimer Portugal, Rosário Zincke.
Em declarações à Lusa na véspera do lançamento da campanha, a responsável sublinhou a necessidade de "apostar forte na prevenção”: “Por muito estranho que possa parecer a algumas pessoas, é possível viver bem apesar da demência”.
Sobre a campanha, disse que acredita que através da música se consegue chegar mais próximo da comunidade e dos próprios decisores políticos, que “têm andado muito arredados da nossa causa e das pessoas que precisam de apoio”, sublinhou.
Rosário Zincke insistiu na importância do diagnóstico precoce, para que a pessoa saiba que tem determinada situação, mas que isso não a impede de continuar envolvida na sociedade e de tomar as suas próprias decisões.
“É fundamental também sensibilizar os cuidados de saúde primários para estarem alerta para os primeiros sinais de demência e encaminharem, tão cedo quanto possível, para um diagnóstico mais fino, que tem de ser sempre realizado por um especialista”, acrescentou.
Rosário Zincke chama ainda a atenção para a importância de uma boa articulação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados mais especializados: “É importante os cuidados especializados darem ‘feedback’ do diagnóstico e haver uma comunicação para que funcionem melhor e, depois, uma intervenção multidisciplinar”.
“Estas pessoas não precisam só de um médico. Precisam de terapia ocupacional, muitas vezes de terapia da fala e de apoio psicológico”, explicou.
A Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social e uma associação de doentes. Foi constituída há 35 anos especificamente para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.
A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47,5 milhões de pessoas com demência, número que pode atingir os 75,6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135,5 milhões.
Em Portugal, não existe qualquer estudo epidemiológico que retrate a real situação do problema, mas os dados da Alzheimer Europe apontam para mais de 193 mil com demência.
O Relatório “Health at a Glance 2017” (“Uma visão da saúde”), da OCDE, colocou Portugal como o 4.º país com mais casos por cada mil habitantes. A média da OCDE é de 14,8 casos por cada mil habitantes, sendo que para Portugal a estimativa é de 19,9.
Comentários