
O CityGolf celebrou recentemente o seu 20.º aniversário, um marco importante para este espaço que, ao longo das últimas duas décadas, tem desempenhado um papel fundamental na democratização do golfe em Portugal. Para assinalar a data, estivemos no local e conversámos com Luís Castro Fernandes, co-proprietário do clube, que partilhou connosco a sua visão sobre o percurso do CityGolf, os desafios enfrentados e os planos para o futuro.
Desde a sua fundação, o CityGolf tem procurado desmistificar a ideia de que o golfe é um desporto elitista e inacessível. Para Luís, um dos principais objetivos sempre foi tornar o golfe mais acessível a todos, combatendo o estigma de que se trata de um desporto reservado a elites e reformados. “Uma das nossas missões foi tirar o anátema de ser uma coisa elitista, que não é. A nossa quota é de 400 euros por ano, quase como um ginásio, e permite acesso ilimitado ao campo. Qualquer pessoa pode comprar um equipamento completo por 150 euros e, a partir daí, não precisa de gastar mais dinheiro”, explica.
A visão do CityGolf passa por tornar o golfe um desporto moderno e apelativo para as gerações mais novas. Luís acredita que, para atrair mais praticantes entre os 25 e os 45 anos, é necessário que a modalidade seja mais rápida e flexível, algo que pode ser um obstáculo no formato tradicional. “O problema é que um torneio de golfe demora cinco horas, ao contrário do padel que dura duas. Isso influencia muito certas gerações, especialmente as mulheres, que acabam por não jogar tanto porque os maridos ocupam grande parte do dia com um torneio.”
O CityGolf tem feito um grande investimento na formação de novos jogadores, sendo um dos poucos clubes a desenvolver programas estruturados para captar jovens talentos. Uma das iniciativas mais bem-sucedidas foi a parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, que permite a participação de centenas de crianças em Open Days organizados pelo clube. “Recebemos cerca de 150 crianças por dia, e no final, entre 5 a 10 delas ganham acesso gratuito à nossa academia, conforme o protocolo com a Câmara. Esse contacto inicial é fundamental para criar interesse na modalidade”, destaca Luís.
Além disso, a localização do CityGolf, praticamente no centro do Porto, tem sido uma grande vantagem para atrair novos jogadores. O clube tem vindo a crescer, não só através das iniciativas formais, mas também pelo simples boca a boca. “Os miúdos trazem os amigos, depois ficam os pais, e assim se cria uma dinâmica familiar e social muito forte. Já temos famílias inteiras, com sete membros a jogarem aqui”, conta.
Apesar do crescimento e da consolidação do CityGolf como referência na região, a sustentabilidade financeira continua a ser um dos maiores desafios. Sem apoios oficiais significativos, a manutenção do clube depende das quotas dos sócios, torneios e patrocínios. “Gerir este barco não é fácil. Estamos a falar de um projeto que envolve custos elevados com a manutenção da relva, pessoal, rendas… O espaço é alugado, e não temos apoios do Estado. Só nos sustentamos através dos green fees, das quotas e de alguns torneios e patrocínios”, explica Luís.
A questão da infraestrutura também é um desafio constante. “A relva exige um investimento enorme, e um green demora dois a três anos até atingir o estado ideal. Além disso, temos problemas no driving range porque no inverno a drenagem não funciona bem, o que nos obriga a fechá-lo, já que as bolas ficam enterradas e torna-se impossível recolhê-las”, relata.
Para quem quer aprender a jogar, o CityGolf disponibiliza programas de iniciação que têm feito sucesso. Um dos mais populares é o curso “9 Semanas e Meia”, que permite que pequenos grupos de iniciantes adquiram conhecimentos e confiança no campo ao longo de pouco mais de dois meses.
O convite do CityGolf para quem quer experimentar a modalidade é simples: “Passem cá. São todos nossos convidados. Não tem custos nem compromisso. É só pegar no taco e experimentar.”
O 20.º aniversário do CityGolf foi um momento de celebração e união entre sócios, direção e patrocinadores. Para Luís, um dos momentos mais emocionantes da história do clube foi um torneio de Natal, quando os próprios sócios decidiram juntar-se para ajudar na aquisição de novos equipamentos. “Foi um gesto incrível. Mostrou que somos mais do que um clube, somos uma família”, afirma emocionado.
O CityGolf tem um impacto tão significativo que, atualmente, metade da seleção nacional de golfe é composta por ex-jogadores do clube. Um dos melhores exemplos é Dani Costa Rodrigues, atualmente o melhor jogador profissional de Portugal, que começou a jogar no CityGolf aos cinco anos.
Olhando para o futuro, Luís gostaria de expandir o espaço e melhorar as condições de treino. “O nosso sonho era ter um campo um pouco maior. Talvez um dia, com o apoio de promotores imobiliários que vejam valor em ter um campo de golfe associado a um empreendimento.” Além disso, a grande intervenção necessária no curto prazo é a cobertura em madeira da parte superior do campo, para permitir a prática nos meses de inverno.
A nível competitivo, o CityGolf vai reforçar o calendário de torneios. Em 2024, o clube será palco do Campeonato Nacional de Clubes e do Open de Portugal em Pitch & Putt. Além disso, pretende bater o recorde do maior torneio de Pitch & Putt realizado no país, que atualmente é de 117 jogadores. “Este ano vamos aumentar substancialmente o número de provas e garantir que têm mais qualidade e impacto”, afirma Luís.
Com 450 sócios, cerca de 300 jogadores federados e um espírito de comunidade forte, o CityGolf continua a ser um pilar no crescimento da modalidade em Portugal. Mais do que um campo de golfe, é um espaço onde a paixão pelo desporto se alia à convivência e ao espírito de equipa.
Ao longo destes 20 anos, o CityGolf provou que é possível tornar o golfe mais acessível e inclusivo, desafiando os estereótipos e criando uma geração de jogadores. Com um futuro promissor e uma vontade contínua de inovar, o clube mantém-se fiel à sua missão: tornar o golfe um desporto para todos.
Comments