Inauguração dia 9 de junho, pelas 18h30, no Museu da Quinta de Santiago
O Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, acolhe, a partir de 9 de junho a exposição “Aurélia de Souza. Do que vejo…”, um dos eventos que inserido no programa evocativo do 1º centenário da morte da artista que envolve sete entidades parceiras, e que culminará com o lançamento do tão esperado Catálogo Raisonné no próximo ano de 2023.
Os municípios de Matosinhos, do Porto, o Museu Nacional Soares dos Reis, a Universidade do Porto, a Universidade Católica, o Instituto de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, congregaram esforços e prepararam um vasto programa para celebrar uma das mulheres mais marcantes da vida artística do país e especialmente do Norte, na passagem do século XIX para o século XX.
No Museu Quinta de Santiago, vão estar expostas até ao dia 4 de setembro, 21 obras de Aurélia de Souza, oriundas quer de coleções particulares quer públicas, que abrangem as várias temáticas desenvolvidas no decorrer da sua atividade.
Com curadoria de Cláudia Almeida, coordenadora do Museu Nacional Soares dos Reis, e Filipa Lowndes Vicente, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a exposição desenvolve-se em quatro núcleos, quatro quartos de uma também casa hoje transformada em museu:
- Frente a frente, dedicada ao retrato, género que a artista cultivou ao longo da sua carreira;
- Diários da Casa, onde se exploram os interiores e exteriores da Casa – Quinta da China – lugar de intimidade e marcadamente feminino;
- Pintar perto e longe de Casa, onde se conjugam planos pintados, não apenas de paisagens puras, mas também de paisagens habitadas, cenas de quotidiano, rurais ou urbanos;
- Sobre a mesa, as naturezas-mortas que Aurélia astutamente valorizou e soube executar, bem-adaptadas às condições de vida feminina, sem ameaçar as expectativas da feminilidade, como fonte de rendimento profissional.
A participação da Câmara Municipal de Matosinhos nestas celebrações contempla não só a exposição que inaugura amanhã, mas também programas educativos, visitas orientadas especiais, organização do Congresso Internacional “Mulheres Artistas de 1900” e a colaboração no Catálogo Raisonné.
Recorde-se que, natural da cidade de Valparaíso (Chile), onde nasceu a 13 de junho de 1866, Maria Aurélia Martins de Souza fixou-se no Porto, aos três anos de idade. Autora de uma das obras de referência da arte portuguesa – "Autorretrato" (1900), da coleção do Museu Nacional Soares dos Reis, iniciou a sua aprendizagem artística com lições particulares de desenho e pintura de Caetano Moreira da Costa Lima. Com apenas 27 anos, entrou na Academia Portuense de Belas-Artes (1893/1898). Em 1899 partiu para Paris onde estudou durante três anos, viajando de seguida por vários países, como Bélgica, Alemanha, Itália e Espanha.
Regressou ao Porto, onde desenvolveu uma carreira reservada e um pouco arredada dos meios artísticos, mas participando regularmente em exposições coletivas. Morreu no Porto, a 26 de maio de 1922, a poucos dias de completar 56 anos.
Aurélia foi uma ‘visual’, e para além dos registos pintados, desenhados ou ilustrados, usou também a fotografia para se expressar; usou a mais recente tecnologia ao seu dispor, para, juntamente com o seu extraordinário poder de observação, enriquecer o conhecimento do mundo à sua volta e criar as suas obras de arte. Também a abordagem a esta exposição usa das mais recentes tecnologias para proporcionar ao visitante uma experiência mais enriquecedora da vida e obra desta artista que marca decididamente a história da arte em Portugal, apesar de muitos anos esquecida.
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