Projeto envolve a comunidade piscatória de Angeiras
Mais de 150 milhões de toneladas de plástico poluem o oceano. Em 2025, haverá uma tonelada de plástico por cada três toneladas de peixe e, em 2050, haverá mais plástico do que peixes no oceano. “É um problema global”, afirma Sandra Ramos, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).
Para contrariar esta situação, a Câmara Municipal, o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Matosinhos e o CIIMAR uniram esforços em torno da prevenção do lixo marítimo.
O trabalho envolve todos, nomeadamente os primeiros a sofrerem o impacto da poluição do oceano - os pescadores. O lixo destrói o peixe, danifica as redes e a sua separação implica mais tempo e mais trabalho para os pescadores. Estima-se que o impacto económico do lixo marítimo na frota pesqueira europeia seja de 61,7 milhões de euros.
Sandra Ramos moderou ontem, na sede da Associação Mútua dos Armadores de Pesca de Angeiras (AMAPA), “uma conversa salgada”, nas palavras da vereadora do Ambiente e da Transição Energética, Manuela Álvares. Presentes estiveram também a presidente da união das freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo, Lurdes Queirós, e o presidente da AMAPA, Fernando Correia.
80% do lixo que existe no oceano provém da terra, sendo que os restantes 20% têm origem no mar, sobretudo do setor da pesca. Além do lixo produzido pela atividade (redes que se perdem, óleos e outros materiais), existe lixo doméstico a bordo que é deitado ao mar, como restos de comida, beatas de cigarro, garrafas de plástico, embalagens de vidro ou latas. “O oceano é o maior caixote de lixo e a maior parte, cerca de 70%, está no fundo do mar”, adiantou a investigadora.
Sandra Ramos deu a conhecer as consequências do lixo marítimo (incluindo a ameaça dos microplásticos), alguns dos projetos europeus nesta área ainda em discussão e ouviu já alguns contributos. As primeiras sugestões apontam para a necessidade de contentores próprios para depositar o lixo quer nas embarcações quer em terra quando chegam, e uma limpeza mais frequente do areal.
Esta ação de sensibilização faz parte de um projeto mais vasto que irá desenvolver-se em várias fases. Haverá a realização de mesas temáticas sobre o tema, limpeza da praia e a redação de um documento com os contributos da comunidade piscatória de Angeiras que será entregue às autoridades competentes.
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