Estão todos convocados, pelo The Trash Traveler, para, entre 15 a 23 de abril, participarem na maior limpeza de beatas do mundo. Objetivo: no final da semana, reunir um milhão de exemplares em Lisboa e assim abrir consciências para as questões ambientais
No que toca a tornar o planeta num local mais habitável, Andreas Noe, 35 anos, não tem tido parança nos últimos anos. Quando, finalmente, se organizou para passar uns tempinhos mais sossegado, a Fundação Oceano Azul desafiou-o, a propósito do Dia da Terra (22 de abril), para aquilo que este biólogo molecular mais gosta de fazer: mudar consciências. Se aceitou o repto, então que seja em grande.
O ativista alemão, que adotou este País como sua casa, conhecido como The Trash Traveler, reuniu a comunidade que o rodeia há três anos nas suas aventuras ambientais, arregimentou como principais parceiros a Rede Biataki, a Missão Beatão, a Associação Novo Mundo Azul e a Plogging Challenge Portugal e lançou o repto: “Vamos fazer a maior limpeza de beatas do mundo em Portugal?”
Andreas quer que, no dia 23 de abril, o último desta empreitada que começa sábado, 15, se reúna um milhão de restos de cigarro no Parque das Nações, em Lisboa – a mesma quantidade que recolheu em 2021, durante os dois meses que passou na estrada. “Mostrar uma unidade não tem impacto, mostrar um milhão delas, apanhadas numa semana, já terá”, assegura.
“Cada um pode atuar individualmente e depois entregar as beatas junto dos grupos que se formaram em vários locais do País”, explica Andreas. Para saber por onde anda o projeto ao longo da semana, pode espreitar-se o site. No entanto, esta ação não acaba depois das beatas apanhadas, ela deverá ser uma mudança comportamental no sentido da defesa dos oceanos e do ambiente em geral.
“Recordo que este projeto não se resume a uma limpeza de resíduos, ele visa a consciencialização de um problema muito maior”, acentua o ambientalista. “Já várias vezes, durante as minhas ações junto da comunidade, me dirigi a fumadores, não só para lhes mostrar os cinzeiros portáteis, como para lhes falar acerca das beatas. Muitos confessam que não sabiam que elas continham plástico e que não era suposto atirá-las para o chão”, conta, para mostrar como estas mobilizações diretas são importantes para evitar que estes pedaços de cigarros, aparentemente inofensivos, se acumulem nas ruas ou vão parar ao oceano.
“Um dos problemas atuais é que as beatas não são consideradas como lixo tóxico nem tratadas como tal. Também queremos usar esta ação para mudar a legislação em Portugal”, conclui o ativista que durante a próxima semana, em vez de estar sossegado, como tinha planeado, andará a saltitar de grupo em grupo, de norte a sul do País. Se mudar uma só consciência, já terá valido a pena.
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